Apesar da terra estranha e do calor abrasador, os imigrantes pioneiros trouxeram da velha pátria tesouros espirituais. A fé cristã fazia parte da vida. Bíblia e hinário lhes eram familiares e traziam o conforto para a dura luta por sobrevivência. Em 1851, ano da colonização, a então Colônia Dona Francisca recebia seu primeiro pastor luterano, Jakob Daniel Hoffmann.
O primeiro ofício do pastor Hoffmann, em 21 de dezembro, foi uma benção matrimonial sendo que em 25 de dezembro do mesmo ano foi realizado o primeiro culto da comunidade luterana em Joinville em frente a um rancho da Hafenstrasse (atual Rua Nove de Março). Esta é a data que oficialmente marca o início da Comunidade Evangélica de Joinville.
A Colônia Dona Francisca do final do século XIX possuía 1.428 moradores, sendo 793 homens, 635 mulheres, 142 católicos e 1.368 protestantes. Diante dessa grande maioria protestante existente na cidade, a construção de um espaço para oração onde os fiéis pudessem reunir-se e expressar sua fé era cada vez mais urgente.
Dessa forma, foi solicitado ao Governo Imperial um projeto para a construção de uma Casa de Oração – à época a religião oficial no Brasil era a católica, não sendo permitido a outras religiões a construção de uma igreja. Assim, em 1º de junho de 1857 é realizada a cerimônia de lançamento da pedra fundamental da Casa de Oração, em terreno doado pela direção da Colônia e contando com o auxílio financeiro do governo imperial. A cerimônia de lançamento foi acompanhada pelos locais e contou com a presença de diversas autoridades.
A inauguração da Casa de Oração Protestante aconteceu em 7 de agosto de 1864.
Para a construção do templo foram utilizados granito e quartzo retirados de uma pedreira, sendo que o templo apresentava cobertura de telhas – incomum pois à época as coberturas eram feitas com palha ou madeira -, comprimento de oitenta e oito pés de largura e quarenta e três pés de altura (26,82m de largura e 13,11m de altura). Interiormente, possuía forro sustentado por doze colunas em madeira (canela), mezanino, altar e púlpito. O edifício apresentava cinco janelas, quatro na nave e uma nos fundos do altar, e três portas – duas laterais e uma frontal. De acordo com o levantamento realizado, as evidências demonstram que essas aberturas permanecem na Igreja mesmo após a ampliação que a deixou com a configuração atual.
Em 1868, o pastor Hozel dirigiu um ofício à Associação Gustavo Adolfo na Alemanha pedindo verbas para a compra de sinos. Repetiu o pedido mais duas vezes, mas não foi atendido.Foi somente em 1890 que o sonho de comprar os sinos se tornou realidade. Instalar os sinos também significava construir uma torre, assim, esses dois projetos foram caminhando conjuntamente. Foi formada, em 1890, uma comissão pelos Srs. Ottokar Doerffel, Arnald Grossembacher, Otto Pfutzenreuter, Karl Grunsch, Theodor Lauer e Louis Wetzel que passaram a tratar da construção da torre e aquisiçãoe instalação dos sinos.
Foram adquiridos três sinos, procedentes da Bochum – Alemanha; o primeiro pesando 195 kg, o segundo 91 kg e o terceiro 67 kg.
Em 19 de setembro de 1892, a torre estava quase pronta, faltando somente o telhado. A altura da torre era de vinte e sete metros, ou seja, a torre era menor do que é hoje. Em 18 de dezembro
do mesmo ano, uma grande festa foi realizada para a inauguração da torre com os sinos, que hoje é um dos maiores marcos históricos da cidade e referência no centro de Joinville.
Este símbolo também deu origem a outro. Na ocasião de inauguração da torre, a Sra. Pauline Parucker organizou um coro de vozes femininas, que mais tarde se tornaria
o Coral da Paz.
Em 1901 surgiu a ideia de colocar um relógio na torre, para isso, o telhado precisaria de uma nova estrutura. A colocação do relógio, que aconteceu aproximadamente em 1908, exigiu nova intervenção na torre que, dessa vez, foi ampliada. O relógio adquirido da firma Weule de Bockenem am harz – Alemanha, e possuía 4 mostradores de 1,75 metros. Os mostradores e ponteiros foram feitos em Joinville pelo Sr. O. Pfutzenreuter. O templo podia, mais uma vez, ser visto de praticamente todos os pontos do centro de Joinville.
O órgão de tubos foi construído pela Oficina e Organaria Alemã Friedrich Wiegle em 1911 e adquirido pela Comunidade Evangélica de Joinville no dia 1° de dezembro de 1911. O instrumento contava com 2 manuais (duas fileiras de teclados sobrepostas), dezenove registros e um total de 579 tubos, além de uma organola, que permite a execução mecânica de obras musicais a partir de rolos de papel perfurado, confeccionados para este fim.
Em 2008 o órgão, até então desativado, passou por um minucioso e grandioso processo de restauração e foi novamente entregue à comunidade em concerto no dia 01/06/2008. Desde então ele vem sendo protagonista de grandes concertos, inserido no contexto musical dos cultos e auxiliando a comunidade na formação de novos músicos com as aulas de órgão de tubos.
Possivelmente na década de 1930, nova intervenção ocorre na Igreja. Conforme projeto arquitetônico encontrado nos arquivos da CEJ, o projeto previa a alteração da cobertura com a colocação de lanternim, bem como a abertura de dois acessos na alvenaria de fundos do altar mor com suas laterais sofrendo ampliação, possivelmente para abrigar a sacristia. A ampliação nas laterais do altar foi realizada apenas em 1948.
As discussões sobre a necessidade de ampliação da Igreja da rua Princeza Isabel existem desde a construção da antiga Casa de Oração. Como a população protestante na cidade continua crescendo, a Igreja Matriz não tinha mais condições de abrigar todos os frequentadores, principalmente em datas festivas. Assim, foi criada a Comissão para Ampliação da Igreja Matriz da Comunidade Evangélica de Joinville, que solicitou à empresa Groegel e Cia Ltda projeto de arquitetura, datado de 1959. O projeto previa a ampliação da igreja em aproximadamente dezessete metros de comprimento, a construção de uma sacristia, sanitários, nova configuração do coro, bem como diversas intervenções e melhorias internas e externas.
Foi definida a construção de um novo telhado que permitiria a eliminação de seis colunas da nave da igreja, novos ladrilhos, portas, janelas e vitrais, bancos, forro de Eucatex e substituição de todo o madeiramento e vigamento já existentes na igreja. Também foram executadas ações de embelezamento das fachadas através de adornos em toda a sua extensão, bem como a construção de novo acesso ao coro, novas instalações sanitárias e ampliação da torre.
Uma vez finalizada a torre, finalmente o projeto arquitetônico iniciado em 1959 estava executado. Essa pode ser considerada a última intervenção de grande porte realizada na Igreja da Rua Princesa Isabel e também a mais importante por ser aquela que determinou a atual configuração do templo que é hoje considerado patrimônio histórico da cidade e do Estado de Santa Catarina.
No ano de 2012 são iniciados os trabalhos buscando a restauração do templo. Apesar de bem conservada, alguns materiais que constituem a Igreja apresentam grande desgaste pelo uso, sendo fundamental que trabalhos para sua preservação sejam desenvolvidos para que parte dessa memória não seja perdida. Assim, para que a Igreja da Paz possa continuar participando da história da cidade como referência religiosa e arquitetônica, foi desenvolvido projeto de restauração onde foram previstos melhoramentos diversos visando viabilizar a conservação do templo.
Estão previstas intervenções de acessibilidade universal, renovação das instalações elétricas, renovação do forro, tratamento e recuperação do madeiramento da cobertura, renovação dos acessos à torre, bem como a restauração completa de suas alvenarias, elementos em madeira, esquadrias, vitrais e pisos.
Para viabilizar a execução dessas ações, o projeto de restauração foi encaminhado e aprovado pela Lei Rouanet, estando liberado para a captação de recursos.
Clique aqui para conhecer mais sobre o projeto de restauro. Caso queira saber mais sobre a Lei Rouanet, captação de recursos e como contribuir clique aqui.
Nada pode nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus. Romanos 8.39
Que por meio deste Culto possamos alimentar a nossa fé e firmar a nossa certa esperança de que, tanto na vida quanto na morte, pertencemos a Deus. Por isso, nada pode nos separar do seu infinito amor. Deus te abençoe!